Depois de uma noite bem passada em família voltei ao meu mundo vazio.
Refugio-me novamente entre as prateleiras de livros e o computador, esperando um dia acordar deste pesadelo.
Não é o caso de estar ou de me sentir infeliz e deprimida.
Não devia ter nascido - é uma constatação.
O céu jamais seria menos azul, o Sol jamais iria brilhar um pouco menos.
Não tenho uma vida má.
Tenho amigos, tenho um trabalho de que gosto, mas falta-me em humanidade e toque humano aquilo que sempre (e mais) quis ter - uma família.
Gostava de me relacionar bem com os meus pais, de buscar e encontrar neles o carinho e, por vezes bastava um simples abraço!, de que tanto precisei e ainda preciso. Também gostava de ter a minha família e com um relógio biológico desperto há uns bons anos, torna-se ainda mais complicado.
Sinto-me completamente vazia e dou por mim como uma pessoa cada vez mais amarga, mais azeda e não consigo evitá-lo - falta-me o toque, a compreensão humana, os bons gestos que sempre julguei poder reconhecer no ser humano. Falta-me amor... falta-me alguém com quem posso sempre contar a qualquer hora - noite, madrugada, manhã... e se bem que isso pode funcionar assim na teoria, na prática jamais poderia ser assim. Por isso afirmo com toda a certeza - não devia ter nascido. A minha mãe devia ter feito um aborto. Eu não sou parte essencial de nada, só me sinto bem e feliz quando posso ajudar alguém, mas as pessoas safam-se extremamente bem sem mim e, por isso mesmo, não sou imprescindível para nada ou alguém, como sempre desejei ser.
E assim se encerra mais outra noite de consoada, em que novamente não pude colocar decoração de Natal, nem tão pouco fazer árvore. E era esta a minha época favorita... Agora é a que mais me dói e mais receio... Enfrento a minha própria e sombria solidão... E de ti nem uma mensagem. E por que é que isso já não me surpreende assim tanto? Mataste-me totalmente por dentro. Conversar? Pessoalmente? Para quê? Não vejo qualquer utilidade depois de nem feliz natal me desejares. Queres...? Vai-te embora então. Mata-te a ti também, comigo foste bastante eficaz. Já não acredito em nada.
3 comentários:
Minha querida...
Não gostei nada de ler este texto...
Desculpa a ausência deste teu canto, mas a vida às vezes não permite que façamos tudo o que temos na vontade - e tu sabes bem disso!
Estou já há um bom bocado a tentar arranjar qualquer coisa para te dizer, qualquer coisa que te anime e conforte... mas provavelmente nada que eu diga vai apaziguar a tua amargura.
Tu não és assim!
Tu és uma estrela e brilhas onde entras e onde passas e fazes brilhar tudo em que tocas.
Tu és imprescindível para alguém - todos o somos! - mas ainda não tiveste a sorte de o encontrar.
És linda e jovem e valeu a pena teres nascido... nem que seja pelo facto (tão egoísta da minha parte, eu sei!) de nos termos cruzado um dia, por pouco tempo, é certo... Mas és uma estrela tão brilhante que a tua impressão ficou em mim, passados tantos, tantos anos, e nunca te esqueci!
A tua alegria...
O teu humor...
A tua esperança...
O teu espírito empreendedor...
A tua amizade...
A tua solidariedade...
A tua beleza...
A tua humildade...
A tua persistência...
A tua sensibilidade...
O teu BRILHO natural!
Tudo isto captei em ti e retive-o.
És uma linda... mereces ser FELIZ mas tens tido pouca sorte...
No entanto eu tenho a certeza que em breve isso vai mudar!!!
Um beijo (viajante!) desta personalidade, à semelhança de Pessoa e heterónimos,
Viajante Pelos Sentidos
PS - Adoro-te...
PS2 - Pensavas que eras só tu...
PS3 - Shhhiu...
Fizeste-me chorar... Fiquei despida... de máscaras... Pois, bem me parecia que conhecia esta viajante. E não te preocupes... fica entre heterónimos!!! Bjs
(",)
Se forem lágrimas de alegria, chora... Mas não chores de tristeza, nem tão pouco quero que chores por quem não merece.
Limpa esses olhos.
Sara essas feridas.
AMA-TE.
Tu mereces...
E eu, mesmo longe, estou sempre perto... sempre viajante!
Enviar um comentário