Iva's place

Aqui, fala-se de amor...esse sentimento louco que mexe cá dentro e nos faz vibrar de emoção.

Seja curto ou duradouro, dele todos queremos um pouco ou não pule cá dentro o coração!

Bem-vindos!

Iva*

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Mergulho dos Sentidos



Enterro os pés na relva fresca e um cheiro a verde invade-me as narinas rapidamente. 

Fecho os olhos por detrás dos grandes óculos escuros que me tapam 1 terço do rosto, ocultando-me as feições e permitindo-me passar despercebida. Sinto os raios de sol bem fortes beijando-me com doçura cada milímetro de pele descoberta na sua quase totalidade e deixo-me levar, embalada pela brisa campestre e salgada, adormecendo com suavidade enquanto ouço as ondas sagazes e valentes embatendo nas rochas, mais ao largo.

Hoje acordei e comecei a deitar fora memórias, como se o meu cérebro fosse um disco rígido do computador e o meu coração a sua motherboard. Nunca me tinha apercebido que tinha tantas memórias dissociadas de objectos, cá guardadas. Quase no fim apercebo-me que são mais de 5 anos de memórias... são 7, 8, 10... talvez um pouco mais.

Guardo num cantinho do coração os que significaram algo para mim e não risquei da minha vida - os que se fizeram valer perante mim e lutaram para ficar, mesmo quando era mais fácil para mim deixá-los ir. Depois, a poucos outros, embalo nas mãos, como grãos de areia, até que os dedos se começam a entreabrir e essas memórias supérfluas, por vezes descompensadas, e demasiado rápidas para ficarem ou significarem alguma coisa começam a cair. Uma a uma, como areia. E no fim nada fica pois sacudo ferozmente as mãos e a água salgada faz o resto enquanto me aproximo decidida a um mergulho que me tome o corpo todo numa ânsia pelo choque quente-fresco numa amena e quente tarde de fim de Verão em Agosto.

Olho para quem me sorri. Olho de novo e está à minha frente, mas o sol encandeia-me e duvido por vezes se estará mesmo ali. Rio-me na mesma. Eu estou, o mar está... o que ou quem mais está... são conversas. Rio-me à gargalhada, despertando, talvez o interesse... e começo a cantarolar baixinho, enquanto as ondas pequeninas me afagam pela cintura...

"Se eu estou livre e tu estás livre..."

Sorrio e atiro-me para trás, ficando a boiar observando o sol alto no céu, enquanto a lua traceja suaves contornos, acusando que vai voltar em breve...

Fecho os olhos e, com esse gesto, todas as memórias que não me servem, que não me fazem feliz, se apagam. Afinal, só o presente e quem está na minha vida tem o poder de contribuir para a minha felicidade e é por essas pessoas que vale a pena lutar. As outras? Não estão, não existem... Ficou quem me ama.

«Canção do Engate»

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