- Estás linda! - disse ele. - Estás igual!
Ela olhou-o com curiosidade, tentando perceber se havia ironia nessas palavras.
- Quero dizer, tu sempre foste bonita e com um sorriso incrível. E o teu cabelo... - sorriu olhando e levantando a mão como se o fosse tocar. Provavelmente fá-lo-ia, assim tivesse tido autorização naquele primeiro olhar trocado após tantos e tantos anos, mais de uma década! - O teu cabelo! Sempre o preferi comprido, assim, como tens agora.
Ela não disse nada porque ela sou eu. Questiono-me o quanto é preciso uma pessoa perder e bater com a cabeça nas paredes para se dar conta do que poderia ter sido seu.
- Tentei contactar-te por várias vezes, pedi o teu contacto a amigos, mas não conseguia ou não me davam... ou... não devia ser aquele.
- Pois...
- Tu és uma pessoa especial. Sempre foste. Tocaste-me, cativaste-me. Tenho pena que as coisas não tivessem ficado assim como eu queria. Gostava que tivéssemos mantido a amizade ao longo dos anos... mas não é hora para falar nisso agora.
(Ainda fala com redundâncias, pensei.)
- ... tenho pena de não teres ficado na minha vida... como eu queria.
(Pois, e ainda continuo sem me sentir uma "cabra fria e insensível" por ter terminado tudo comigo depois do que me fizeste e por não ter cedido um milímetro quando andaste atrás de mim tantos anos após o final. Entretanto... passaram muitos anos.
Não me esqueci de me esquecer de ti, Eduardo. Simplesmente, deixei de lembrar-te! E o tempo passou... e hoje vais em idade avançada, como dizes e se a diferença de idades prevalecia na altura, quer parecer-me que hoje continua a mesma. Por isso, mesmo mulher, continuo menina aos teus olhos, como sempre fui.)
- ... ihhh, é mesmo giro. 'tás mesmo igual, a mesma menina especial... tão bonita e com um sorriso tão lindo...
Não abri a boca.
- Gostava que nos víssemos mais vezes...
Continuei a não abrir a boca. Acordaste agora, foi? Hummmm, parece. Mas eu nem o nada tenho para te dizer. E nem posso dizer que lamento, não é verdade. Uma última questão, penso eu, se sempre tiveste tanta gente a atirar-se a ti por seres o dr das empresas, então porquê eu? Agora? E porque é que me deste a informação que não andas nem gostas de ter relações furtivas, que estás como gerente do tal sítio e que gostarias imenso de ter um miúdo aos saltos pela casa mas sozinho não dá...? É que me parece tão somente... excesso de informação e não entendo o porquê de eu ter de saber isso tudo. Devo ser assim um bocado para o burra! Será?!
Uma última coisinha. Não é muito simpático para uma mulher tu insistires que sabes a sua idade e dares-lhe com toda a tua certeza "por saberes de memória a sua data de nascimento" mais quatro anos que aquilo que tem, ainda mais quando o fazes só para te aproximares mais da minha idade. Ah, pois é!
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