A vida é feita de pequenas grandes coincidências, não é?
Hoje vinha a sair do meu local de trabalho... Não sei bem ao certo porquê, mas senti que nos iríamos encontrar, mas era um pouco coincidência estares também a trabalhar àquela hora no mesmo local que eu. Isso não costuma acontecer muitas vezes, certo?
Vinha eu mesmo quase a sair da vila, já a iniciar a passagem superior sobre a estrada, quando vejo o símbolo de um Renault ao longe, mas rapidamente ficou bem junto do meu, tão junto que não conseguia ver bem a matrícula, ams também não me quis pôr a olhar pelo espelho retrovisor, caso fosse mesmo quem eu julgava...
Eras mesmo tu. Soube pois vi o 70 na tua matrícula e pude perceber, numa rápida fracção de segundo quando entrava na rotunda que eras tu - de olhar mau, ar arrogante e exalando raiva. Isso deu para sentir. Depois, eu segui em frente, tu voltaste à direita... Ridículo, não é? Ridículo como às vezes a vida imita a ficção - na realidade nós acabámos por seguir caminhos bastantes distantes, sem sequer nos olharmos...
Vi-te desaparecer rapidamente pelo retrovisor. Segui em frente. De certeza que viste que era eu. Senti a tua raiva cravada nas minhas costas. Não sei ao certo se soubeste que eu te vi. Mas sinto que sim. Da mesma forma como eu senti a tua raiva, tu deves ter sentido que eu te tinha visto, se calhar até julgaste que foi por isso que eu ia devagar, mas normalmente sigo sempre devagar ali.
Novamente tão perto... e tão longe. Nem um sinal, um olá, uma troca de olhares. Foste tu que meteste o dedo na ferida da suposta amizade... querias amizade e afinal depois mencionaste, um dia depois dos meus anos - "ah, se que quisesse relações sérias..." e quanto aos convidados para o meu jantar "sei bem de pessoas ideais, eles não são... (eles, os meus amigos, mas segundo tu mesmo, algo mais que amigos!)"; "se eu..."
Meteste o dedo na ferida, pareceste arrepender-te de teres decidido que querias só amizade, pareceste irritado por parecer haver quem se interessasse por mim, apesar de eu não lhes ligar nenhuma...
Depois resolveste "atirar-me" para cima de um dos nossos colegas... Mandei-te à merda. Tentaste falar comigo por mensagens nesse dia, mas eu não quis saber, óbvio (grande prenda de anos que tu me deste! E ainda te dei duas fatias de bolo de anos nesse dia...!!!)...
Depois não quiseste saber. Nem mensagem de Natal, nem mesmo quando eu (e continuo a achar que tenho razão, após tanto brincares com os meus sentimentos!)... nem mesmo quando eu te mandei mensagem vinte dias antes do Natal, a dizer para teres atenção às tuas decisões pois não estavas a seguir o teu caminho e estavas a magoar-te ainda mais a ti próprio que aos outros... "Falamos pessoalmente...?" perguntaste no meio de mensagens cheias de arrogância, ódio, raiva, desprezo, mas também e estranhamente, carinho... "Falamos pessoalmente quando tu quiseres".
Até hoje continuo à espera. Faz amanhã um mês desde essa troca de mensagens. Fez ontem 4 meses que não falamos nem trocamos mensagens, com a excepção referida. Faz dia 6 um ano que a tua mãe morreu e que eu te apoiei da melhor forma que pude e soube. E eu sei que sentiste e agradeceste o meu apoio... Mas... afinal é assim que me agradeces?! Magoando-me...? "Passando-me" para alguém como se eu fosse um objecto? Onde está a pessoa linda, tímida e medricas, MAS MUITO GENUÍNA, que eu conheci?
O nosso "cruzar" hoje na vida um do outro provou que as nossas vidas ainda não estão resolvidas, os nossos caminhos ainda não estão traçados, a nossa vida não seguirá independente um do outro. Ainda temos assuntos pendentes... O facto de hoje nos cruzarmos é prova disso. Parece o Destino que nos obriga a lembrar-nos um do outro. Só porque sim. Só porque toda a gente vê e diz que fomos feitos um para o outro. Só porque nós também já admitimos imensas vezes as nossas afinidades e tentámos disfarçar e até mesmo apagá-las todas.
Hoje cruzámo-nos. Mais ou menos cruzámo-nos. Só porque sim. Só porque a vida é feita de pequenas grandes coincidências.
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