Filhka,
hoje perguntaram por ti!
Mas isso tu já sabias. Ou, pelo menos, sabes aqui dentro da minha cabeça...
O H. continua a defender-te com unhas e dentes, sabias? Chegou a dizer-me na cara que tu eras "a" pessoa para mim e continua a achar que o A. é arrogante e simplesmente me disse que não gosta dele.
O H. creio que continua a achar que nos vamos entender. Parece acreditar que estamos separados por orgulho. Foi então que eu lhe disse que te tinha mandado mensagem dia 5 a dizer que não devias magoar-te a ti próprio... E tu respondeste passadas muitas horas... Acabei por lhe contar que tinhas consciência que eu não andava a dormir bem. (Talvez o saibas por andar na mesma. Simplesmente não acredito que não sintas a minha falta da mesma forma que eu sinto a tua! Se bem que aqui registo mais a raiva... que é tão pouca em comparação com as vezes que sinto a tua falta...)
Até quando vou ao O Jardim de manhã tomar o pequeno-almoço e mexo distraidamente a colher do galão observando as partículas de café a girar no copo a escaldar, supostamente meio morno, e enquanto saboreio a torrada... penso em ti.
Lembro-me de me sentar naquela mesinha pequenina no canto, não a mais escondida, mas a outra. Foi a primeira vez que fomos tomar o pequeno-almoço juntos, sozinhos...
Eu estava muito nervosa, mas tu também assim pareceste. E o cúmulo do ridículo é que ambos levámos as máquinas fotográficas connosco... a tua acabadinha de comprar!!! E quando começámos, como quem não quer a coisa, a tirar fotos um ao outro? Tu apontavas para o meu pescoço, eu devo ter sido mais atrevida e até te consegui apanhar o queixo... E depois ambos com a desculpa que "ah e tal, deixa lá ver comno é que a máquina foca e se foca bem...."
Escrevo isto e sorrio. Que saudades! As desculpas esfarrapadas que não inventámos para evitar ver algo tão óbvio!!! O quê? Nem eu sei, ao certo... Ou, se calhar, tenho medo de ver...
E foi ali, n'O Jardim que ambos observámos aquele bebé... vestido de laranja e azul escuro. Pelo menos enquanto olhavas para o bebé e o fotografavas, dava para te observar bem... estavas a fazer aquele gesto ao lábio, que fazes quando estás meio nervoso... evitavas olhar-me de frente e aproveitavas quando eu estava de lado para me observar, pensando que eu não notava... tremias.
As tuas mãos tremiam e parecias um pouco disléxico na fala, procuravas as palavras certas e tentavas evitar gaguejar, mas algo te traía e as palavras saíam forçadas, pouco coesas, mas naquele tom de voz doce de menino inseguro... O menino que tu tentas esconder bem dentro de ti, por detrás dessa máscara de homem decidido, seguro e... frio. A máscara que exibes agora 26 horas por dia...
Já passaram 4 meses. Já passaram mais de 4 meses... Nem acredito que já passaram mais de 4 meses! Quatro meses e oito dias e 10 horas e qualquer coisa. Meu Deus! Como é ridículo a forma como gravamos as datas dolorosas a ferro no coração, mesmo que já não o tenhamos!
O H. parece continuar a acreditar que ainda resolveremos tudo. As S. e a I. já desistiram de acreditar, se bem que acho que a S. C. ainda crê que tudo se irá resolver.
Depois expliquei ao H. que 5 e 14 eram datas... de Dezembro do ano passado.
"Aaahhh..." - murmurou ele. Creio que tal como adivinhou intuitivamente o que se passava (aliás, o que não se passava entre nós!), ele também ficou a pensar que tínhamos tudo para dar certo mas que... não démos, porque não fizémos por isso... por estarmos magoados... E daí, talvez ele esteja errado! Afinal, que sabe ele disso?! Sabe que houve um clima, mas isso ele adivinhou sozinho! E agora sabe que não falamos, mas não expliquei porquê. Ele deve perceber... Se não percebeu, paciência!
Ele também acha que o A. me vê como um troféu que gostaria de exibir na tua cara e, sabes que mais? Eu também acho, mas talvez (e ainda que possa estar errada!), acho que sempre achei um pouco isso... Compreendes agora como me magoaste tanto por me teres "atirado" para ele? Para uma pessoa que vê outras pessoas como troféus?! Duvido que entendas. Se entendesses, não o terias feito, pois não, Filhka?!
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