Iva's place

Aqui, fala-se de amor...esse sentimento louco que mexe cá dentro e nos faz vibrar de emoção.

Seja curto ou duradouro, dele todos queremos um pouco ou não pule cá dentro o coração!

Bem-vindos!

Iva*

terça-feira, 27 de maio de 2008

De dentro de mim


Estive contigo agora. Há cerca de uma hora.
No seguimento do teu telefonema de dia 17, mandei-te email com o que me havias pedido.
Agradeceste.
Depois o silêncio. 10 dias dele.
No domingo pensei enviar-te algum material que tinha, mas não o fiz logo. Fica para segunda, pensei.
Ontem de manhã tinha um mail teu sobre o aumento dos combustíveis.
Coisa estranha vinda de ti. Raramente mandas mails e por que o haverias de me mandar, logo a mim, se até dia 17, ao telefonema, não falávamos há quase 9 meses?!
Sim, 9 meses faria dia 3 de Junho.
Há pouco estive contigo.

Ontem enviei-te as fichas e respondeste em poucos minutos.
Lembrei-te do material que tinha.
Disseste que hoje estavas por cá e combinaste café.
Não disse que não.
Se calhar não queria dar parte fraca.
Se calhar achei que ias desmarcar e até à hora pensei nisso, mas afinal era só troca de material portanto, que mal faria?

Chegaste pouco depois da hora combinada.
Acho que deu para ver que o inglês era um pouco desculpa.
Felizmente não referiste o motivo de estarmos tanto tempo sem falar. E de que serviria?! Irias dizer de novo que querias amizade, tal como o fizeste depois de te teres declarado e teres dado a entender que querias algo e isso já eu estou farta de ouvir. Eu nunca andei atrás de ti, apenas me limitei a confirmar-te os meus sentimentos quando me disseste os teus. E isso afastou-te e eu não percebi porquê. Se calhar ainda não percebo. És muito estranho tu. Estranho como eu. Tinhas muito medo. Eu tinha também tanto medo! Se tu soubesses! Mas contigo estava disposta a lutar para ser feliz contigo, porque tu estavas lá e dar-me-ias a força necessária, tal como eu faria contigo, como sempre fiz e… se calhar… como sempre farei.

Mas agora não adianta pensar nisso.
As pessoas acham que ainda não te ultrapassei. Mas elas não sabem o que sinto.
Fiz o meu luto. É claro que não me esqueci de ti. No entanto já não penso nos “e se” e não penso porque algo no meu coração morreu. Morreu quando disseste não querer nada, fazendo-me sentir a pessoa mais inferior do mundo, a mais complexada também! Tenho os dentes feios, tenho os pés feios… pois! Tenho mais uma ou duas coisas que não gosto, mas orgulho-me de mim. Muita gente diz que sou bonita. Eu não sei. Se calhar a felicidade torna-nos bonitos aos olhos dos outros. Se calhar quando sorrio pareço bonita… dizem também que tenho muitos fãs. Não acredito!

Um dia disseste-me que estava bonita… como uma flor. E, de entre tanta gente que conheci e que passou por mim como se eu só existisse num primeiro momento, tu reparaste que eu faço covinhas quando sorrio. Nem o meu ex-namorado reparou em algo assim.

Quase casámos. Eu e o Telmo. Mas depois um dia vi que ele não sabia sequer a cor dos meus olhos. Achava que eram castanhos muito escuros. “Ah, os teus lindos olhos castanhos escuros!”, disse ele. E algo se quebrou no meu coração. Eu era a mulher perfeita para ele. Para o Bruno também! Para o Eduardo também! Quantas vezes ouvi dizer que era a mulher perfeita e ninguém viu a pessoa por trás dessa suposta merda de perfeição?! Eu não quero ser a mulher perfeita para o mundo! Nunca quis. Quero ser a perfeita mulher de alguém, mas uma perfeição com defeitos, tal e qual como sou.

Sou aquela que puxa os outros para cima 95% do tempo, mas que também precisa de carinho de vez em quando. Mas já estou a divagar e agora escrevo porque penso em ti. Escrevo porque me quero esquecer de me lembrar de ti.

Regresso então a ti. Lipe.
O teu avô morreu. Há poucos dias. Soube que tinha cancro e num mês morreu. Assim me contaste tu.
Demoraste algum tempo a chegar a essa parte.
Falaste do material que te levei e expuseste dúvidas, falaste dos treinos de natação e do trabalho e depois, saltou-te a do teu avô e eu percebi que tinha sido esse o verdadeiro motivo e não o material que te tinha ido levar como eu tanto queria acreditar por receio que puxasses assunto para o motivo que nos separou.


Creio que te sentiste sozinho e com falta de apoio e lembraste-te de mim.
Sempre pensei em várias coisas que irias dizer hoje mas não o assunto que nos fez deixarmos de falar. E nisso acertei.
Também achei que ias dizer que tinhas namorada, que ela estava grávida e que ias casar. De facto, imaginei várias coisas. Mas não. O teu avô morreu!

Tinhas um ar pesado, triste, solitário (mas este último ar sempre o tiveste). Um pouco perdido, talvez. Olhei para ti de boca aberta ao ouvir-te dizer que o teu avô tinha morrido e não consegui cortar a conversa. Nem sequer consegui evitar que me tocasses nos dedos quando eu te explicava algumas dúvidas. Também hesitaste quando chegaste ao Favo de Mel. Não sabias se me havias de dar dois beijos ou não. Eu também não sabia. Avançaste decidido para mim e depois hesitaste. Deves ter-te lembrado que durante quase 9 meses não nos cumprimentámos. Eu facilitei-te a tarefa e levantei-me para te cumprimentar. Surpreendentemente, e contrariamente ao que eu pensava, não tinhas levado o perfume que te ofereci, ao contrário do que aconteceu na acção de Janeiro.

(Eu a escrever sobre ti e mandas mensagem. Vou lê-la.)

E aqui houve uma intensa troca de mensagens. Com dúvidas, claro. Nada mais. De repente parece que não se passaram 9 meses e que nada mudou. Mas tudo mudou.

Quando já estávamos a terminar o lanche a meio da manhã, disse-te que agora estava sempre na Internet e que podias tirar dúvidas online, já que parecias tão interessado e motivado para aprender. Mas negaste friamente e senti-me mal. Eu não disse nada que não pudesse ter dito a outra pessoa, mas senti-me rejeitada quando o disseste. Bolas! Podia ter estado calada.

Correste literalmente para pagar o pequeno-almoço, enquanto eu tentava, em vão, sair do cantinho onde me tinha sentado. Sinceramente não esperava esse gesto. Até esperava pagar eu pois já há muito tempo te tinha prometido um lanche. Mas tocaste-me no cotovelo quando ia pagar e disseste que já estava pago. Saímos da pastelaria e disse-te que a minha avó também não estava bem e sei que dei parte fraca pois revelei que era ela o meu pilar.

(nova mensagem tua)

Perguntas se tenho disponível sexta de manhã… WTF?!

Continuando…

(Ah, afinal era profissional).

Sentiste-te sozinho e creio que foi isso que te levou a aproximar. Ponto final. Parece que nada mudou. Falaste como se nada se tivesse passado, como se não me tivesses mandado aquela mensagem horrorosa, mas ela existiu. De certa forma senti que não tinhas mudado em relação a mim, mas talvez sentisses um pouco menos ou disfarçasses melhor. Não interessa. A sério! Há coisas que nunca mudam e não quero de novo ver atitudes de quem gosta e depois a mesma velha conversa que contraria todas essas atitudes e gestos.

No fim agradeceste. Disseste “obrigado por nos termos sentado”. E despedimo-nos. No fundo se calhar foi a despedida que nunca houve e foi a que mais doeu, apesar de eu estar mais forte e renovada.

Depois seguiram-se mensagens, iniciadas por ti. Com dúvidas. Mas que incluíam coisas como antes. E depois um pedido profissional que eu sei que antes não farias, mas como hoje falámos atreveste-te. Como posso fazê-lo e em nada me prejudica, acedi.

Mostraste-me as cartas para enviares. De novo África!
Sinto-me cobarde por não te ter conseguido falar do meu sonho premonitório, aquele em que morrias num atentado, num ataque por acidente, se fores para fora do país. E, ao não dizê-lo, senti um peso enorme. Mas sei que não acreditarias que eu vejo coisas que as outras pessoas não vêem. Sei que não acreditarias em mim se te dissesse que adivinho certas coisas. Ias pensar que sou louca e paranóica, ainda que tenha como prová-lo.

Afastados já estamos.
Admiro-me por esta súbita reaproximação, mas também sei que vai ficar por aqui. É como tudo na vida, como os filmes, como os livros, como tudo. Só que aqui não há o tão desejado “happy ending”. Não sei explicar porquê, nem mesmo tu sabes. Parecia haver tudo para dar tudo, mas o tudo deu em nada.
Então creio que seja o golpe final, o aproximar para partir para sempre. E se há coisas que eu não quero admitir e não quero dizer então agora não digo. Não falo de sentimentos. Sempre fui um pouco fria quanto a isso por receio, por ser medricas, por ter muito mas mesmo muito medo (tal como tu!)… então não digo. Não escrevo. Quem me conhece sabe o que sinto e conhece a genuinidade dos meus sentimentos. Isso diz tu. Tu, saberás ou não. Não creio, no entanto, que isso fizesse diferença. Não acreditaste em mim uma vez… e isso também diz tudo.

E hoje sai isto tudo de dentro de mim simplesmente porque um dia tinha de sair. Hoje foi o dia em que nos revimos e fomos lanchar juntos às 10:30, no Honeycomb. My place! Curiosamente eu levava uma blusa verde forte e tu calças verde seco. Há sinais que ainda resistem, ainda que ténues…

E agora não quero falar mais disto. Quero chorar as últimas lágrimas, porque elas têm mesmo de ser choradas. Quero lembrar-te uma vez mais. Quero reviver uma última vez o primeiro elogio, o primeiro sorriso, o primeiro beijo na testa e no cabelo, o elogio da flor, a primeira conversa, o primeiro lanche n’O Jardim, o nervosismo do primeiro almoço, a primeira saída a dois, a primeira ida ao fórum e ao cinema e as férias maravilhosas onde eu pelo menos estava verdadeiramente feliz com tão extraordinária amizade. E quero recordar aquele serão a ver fotos, com o teu gato no colo a fazer ronrom.
E, depois disso tudo, quero recordar o bilhetinho que te deixei na sala onde dormi enquanto tu provavelmente dormias pacatamente a escassos metros dali. O bilhetinho a dizer adeus e a agradecer. E da mesma forma que saí da tua casa de madrugada naquele dia em Agosto, dia 31, assim quero encerrar este capítulo da minha vida. Porquê? Por que sinto… Sinto o que não quero dizer e sei que não vai dar em nada apesar de não perceber porquê e não quero pensar mais nisso. Porque não vale a pena. Porque não vai dar em nada. Porque mesmo havendo tudo para a felicidade, faltou algo… faltaste tu. A tua coragem.

O resto não entendo.

Na minha cabeça ao som de_ “Primeiro beijo, Cabeças no Ar”.

P.S. hoje um lanche de 40m; 1 telefonema de 3 ou 4m, 14 mensagens. E tudo junto não quer dizer nada.

Adeus… Iva!

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