Percorria um longo caminho à beira-mar.
As minhas pegadas iam ficando marcadas até as ondas as apagarem.
Depois já não eram pegadas, eram sinais de pés que se arrastavam e mãos que os acompanhavam...
Depois voltou a surgir um par de pegadas, mas não eram minhas.
Foi quando perdi as forças e alguém me carregava ao colo.
Pedi para não fazerem isso.
Depois iria deixar de saber andar sozinha.
Pousaram-me no chão e surgiram dois pares de pegadas, umas muito enérgicas e as minhas... que se arrastavam, amparadas pelas outras...
Depois desapareceram as enérgicas e as minhas começaram a ser muito arrastadas até que deixaram de aparecer. Estava caída na areia.
Eu sabia que a próxima vez seria a última vez.
Não tinha forças para mais.
Não me conseguia levantar de novo.
Toda a gente desistiu de mim.
Perdi-me no caminho para casa.
Ninguém se importa.
Eu desisti de mim.
Eu sabia que a próxima seria a última vez.
E ninguém sabe que por trás da máscara sofro em silêncio.
Ninguém imagina que a vida deixou de ter sabor, simplesmente porque já estava prestes a tombar e o último encontrão foi mesmo o último.
Não censuro, nem podia!, quem me largou e seguiu.
Não repreendo quem por mim passou e continuou.
Se eu não tentar, ninguém me consegue ajudar a levantar, ninguém me consegue carregar nos braços só por eu não ter forças para mais, pois a maré avança rapidamente e é implacável para quem se deixa ficar para trás.
Não estou aterrorizada.
Não tenho medo.
Não sinto frio.
Não sinto amargura ou algo azedo.
Não sinto nada.
Simplesmente estou aqui deitada.
Não há forças para mais.
E quando o pacote de açúcar não tem mais grãos para adoçar o amargo café da vida... então é altura de procurar outro pacote de açúcar.
Os grãos daquilo que sou caíram todos.
Chegaram ao fim.
Relax, take it easy.
This is time to say goodbye!
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