Iva's place

Aqui, fala-se de amor...esse sentimento louco que mexe cá dentro e nos faz vibrar de emoção.

Seja curto ou duradouro, dele todos queremos um pouco ou não pule cá dentro o coração!

Bem-vindos!

Iva*

domingo, 16 de março de 2008

Uma carta mais, que não fará a menor diferença para ti


Apareceste-me em sonhos duas noites seguidas.

Não sei explicar o porquê pois há uns bons tempos que não pensava em ti...


No sonho, muito estranho por sinal, mostraste que ainda gostavas, mas que não te irias aproximar. O motivo, não consegui perceber. Só falo contigo em pensamento, mas mesmo isso tento evitar cada vez mais, simplesmente por que não me faz bem.


Neste tempo todo muitas coisas aconteceram. Houve pessoas que se afastaram, houve afastados que se aproximaram e até conheci pessoas novas, mas essas coisas tu nunca saberás.


Acabei por me aproximar da Clara, a tua ex, e a única mulher que eu acho que um dia amaste de verdade. Creio que ainda a amas. O marido dela trabalhou directamente comigo, entrentanto casaram-se e estão à espera do primeiro filho. Estão muito felizes e ela é muito bonita e simpática.


Sempre que a vejo consigo perceber por que a amaste tanto e por que ficaste com tanto medo de amar de novo após a teres perdido de forma estúpida e por causa do teu orgulho. Não consigo deixar de pensar que era ela a mulher para ti, até vos acho parecidos. E depois, ao conhecê-la melhor, compreendo por que te quiseste mesmo afastar de mim. Eu faço-te lembrá-la, não é? Em poucas coisas, mas o suficiente para recordares de novo o que tens andado a tentar esquecer passados todos estes anos...


Às vezes dou por mim ainda a pensar em ti e a ter imensas saudades. Não quero admitir, mas o que sentia ainda cá mora, mas de forma diferente. Creio que como foi algo que nunca foi "regado", não cresceu, mas também não morre pois funciona como um cardo. (Lembras-te da história do cardo? Aquela que te contei na praia?! Mas tu preferiste a flor ao cardo, não compreendeste...)


Quando afasto de mim os homens que cruzam a minha vida fico receosa a pensar se o farei por ter medo de me iludir e magoar uma vez mais, se por ter receio que um dia te arrependas e voltes atrás e nesse momento a porta da divisão que será sempre tua no meu coração estar velha e ferrugenta e impossível de abrir.


Receio qualquer uma das hipóteses e não quero pensar em nenhuma delas por recear que possam ser verdadeiras...


Acho que é assim que ficarás na minha vida: como uma pequena divisão no meu coração, quase pronta e muito linda, mas jamais acabada, daquelas que sabemos que existem, como um sótão de uma grande família, cheio de tralha, mas cuja existência em nada interfere com a vida real, cá fora...


Uma divisão que sabemos conterem momentos felizes, que foram importantes na nossa vida, mas da qual, no fundo, sabemos ter perdido a chave pois ao reabrir essa porta as recordações de tempos alegres iriam fazer frestas na nossa felicidade presente e trariam com elas a dor da saudade, a incerteza de um sentimento lindo e forte, a dor que desatina demasiado, não por ser um não, mas por ser a certeza de um quase. E um quase é demasiad indeterminado para que consigamos ultrapassá-lo sem doer...


Conheci pessoas importantes, sabias? Conheci uma pessoa que me ajudou mais do que algum dia saberá. E da tua parte, esssa pessoa nunca existirá, bem como eu, que sou a lembrança de qualquer coisa de bom que deixaste para trás nessa tua dolorosa caminhada pela vida (e é dolorosa porque tu queres assim!).


Essa pessoa mostrou-se-me uma pessoa linda, sabes? Em muitas coisas, fazia-me lembrar de ti, talvez da pessoa que espero que sejas daqui a uns anos, quando fores mais maduro, quando perceberes que querer ser feliz não é certamente permitir que nos façam infelizes.


Sabes, Lipe, ao darmos oportunidades às pessoas não estamos propriamente a dar uma parte fraca que elas possam atingir, estamos antes a revelar uma parte mais frágil que poderá sair muito fortalecida se lhes dermos uma oportunidade, se dermos realmente uma oportunidade a quem nos ama. Mas tu ainda não sabe isso e eu sei, mas ainda não tenho tanta força nem tanta coragem como gostaria...


Essa pessoa acabou por se afastar e sei que em parte a culpa foi minha - como explicar a alguém que a sua presença enquanto amigo é tão importante que qualquer alteração à situação presente poderá mudar tudo e tudo sairá perdido como grãos de areia no meio de uma tempestade no deserto?


No entanto, a não alteração da situação fez, em si mesma, perdê-la e perdeu-se uma amizade muito bonita, muito especial, com uma pessoa daquelas que eu acho que valem mesmo a pena, daquelas pessoas que gostamos de ter junto a nós, como amigos, a vida inteira. Mas a tua sombra sempre me perturbou e eu sabia que mais cedo ou mais tarde, se nem mesmo os mesu amigos próximos resistem à minha dor por não te ter, jamais lhe iria resistir uma pessoa que nem me conhece verdadeiramente.


Mas ficarão os bons momentos, sabes Lipe? E de ti, que foste sempre mais que um amigo, sei que um dia nem disso me irei lembrar. E sabes porquê? Simplesmente por não querer. Simplesmente por doer demais ter encontrado alguém que nos faz acreditar realmente em almas gémeas... Pura e simplesmente por te ter quase tido, porque tu QUASE te deste... e depois partiste, mas não sem antes me magoar o suficiente para teres a certeza que não te esqueceria.


No fim de contas, nenhuma destas palavras te interessará, não é? Isto porque nunca as irás ler, no entanto não creio que fizesse diferença se as lesses... Nunca irias compreender que venho aqui nos momentos de raiva, nos momentos de aflição, nos minutos de desespero em que a saudade provoca dor física, em que a lembrança de bons momentos me faz ficar doente a sério...


Nunca irias perceber por que digo tão pouco bem de ti, da pessoa linda que és... Mas como poderia fazê-lo?! Isso não me iria ajudar a esquecer-te e eu tenho de tentar exactamente fazer isso - esquecer-te, apagar-te, por mais difícil que seja, por mais difícil ou impossível que possa parecer...


Creio que por aqui fico por agora - há muito tempo que não falava contigo aqui, nem em pensamentos, mas creio que foi essa a razão de ter sonhado contigo duas vezes em tão pouco tempo.


Fica bem, onde e com quem quer que estejas.


Espero que um dia estas minhas confissões online se aabem por tornar um livro que me irá parecer não mais que mera ficção...


Um beijo... ou talvez um aperto de mão para ti... Filhka

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