Há coisas que têm de ser escritas para nunca mais serem relembradas, sejam boas ou más. É dessa forma que eu isolo e exorciso os meus fantasmas. No entanto, é também nessas alturas que me sinto uma menina muito pequenina, desamparada, em busca de uma felicidade que ainda não encontrei e que parece cada vez mais longe ainda que a pareça sentir cada vez mais perto...
- Em Castelo de Vide, no dia 17, eu atendi o telefone à minha mãe e tu perguntaste se era a tua sogra, em jeito de experiência, como se estivesses a treinar o som para te adaptares à ideia que, afinal, saiu da tua boca, não da minha.
- No dia 20 eu fiquei doente devido ao ar condicionado, com muita febre, vómitos e custava a conseguir pôr-me de pé. Levantaste-me a voz como se a culpa fosse minha e senti-me tão mal que me fui deitar, a febre a subir e as lágrimas começaram a correr-me cara abaixo. Quase cobri a cabeça toda para não veres, mas viste. Então, antes de poderes bem confirmar, fui para a casa-de-banho e fiquei lá dentro a chorar... Era demais! Que belas férias! Eu não tinha culpa de ficar doente e obviamente não estava em condições de ir contigo e com os outros passear para o centro comercial. Bateste à porta insistindo várias vezes e eu não respondi, depois entraste e não consegui esconder-me. Ficaste meio atrapalhado por eu estar a chorar. Eu estava sentada na tampa da sanita, sentaste-te na banheira e tentaste abraçar-me pois era óbvio que não sabias o que fazer. Ainda me começaste a ralhar, mas depois desististe. Levaste-me para a cama, amparando-me para eu não cair, mas depois começaste uma linda conversa sobre eu estar a chorar para tu teres pena! (Pensei que me conhecias!!! E aquilo se calhar foi o que me doeu. Mais que tudo o resto! Eu não seria capaz!).
Depois saíste disparado pela porta deixando tudo às escuras. Voltaste uns dez minutos depois e eu, claro, estava a chorar - não acreditava que pudesses realmente ser assim. Mas agiste assim! ... Depois disseste que ias sair e que me trarias sopa. LOL! Cerca de uma hora e pouco depois disseste que me virias buscar quando eu estivesse melhor, para irmos ao cinema. Eu enviei mensagem quando fiquei melhor. Tu respondeste mais de 30 minutos depois dizendo que estavas quase a entrar no cinema.
- Nesse mesmo dia, pouco depois disto recebi a notícia de um familiar assassinado. Liguei-te pois precisava do conforto de alguém. Nunca mais me esquecerei das tuas palavras:
"E queres que eu faça o quê? Então amanhã vou meter-te no comboio e vais! Ou hoje ainda. Que queres que eu te faça? Vá, ... cinema... blá... blá... blá..."
E despachaste-me. Afinal "first things, first" e o mai importante não era, decididamente, eu. Assim o demonstraste.
E estas tinham mesmo de sair. Estavam a fazer-me mal. Muito mal. Demasiado peso!gora já saíram. Aliviou!
Sem comentários:
Enviar um comentário