Hoje, enquanto conduzia, senti um estranho apelo para parar de repente o carro e gravar aquele momento em algo mais que a memória. De forma igualmente menos habitual, ou talvez até mais do que eu notara até então, ouvia bem alto "Luna" de Alessandro Safina, quando consegui finalmente perceber: o medo desaparecera. Sentia-me disposta a pôr os receios de parte e a arriscar. Sentia-me capaz de gritar bem alto que se acabou o mini-micro-palitito (a última alcunha dada ao lacoste) e, mais ainda, nunca mais sr. gravatinha!
Foi quando abri a janela que percebi que não o teria de fazer. Nem sequer teria de vir aqui e tentar explicar que já não escrevo sobre eles. Não deu, desse! Melhor ainda, não deu... não deu! Olhem, paciência! Fazer o quê?! Para a frente é que é caminho e se o que sentia pelo gravatas acabou tão esfumaçado que nem me lembro de sentir, o que também senti pelo lacoste está mesmo apagado. Fazer o quê? Nada! Não preciso!
Não preciso dar explicações a ninguém para algo que não sinto mais. Explicações a quem? Não sinto! Portanto...
Abri a janela, fora do cruzamento onde parara e dei por mim a contemplar apenas a beleza da paisagem, a sentir-me viva a 100% e a desejar partilhar momentos assim com alguém que, de facto, me mereça.
À foto mental chamei-lhe qualquer coisa relacionada com amor. Amor não só entre homem e mulher, mas amor por todos. Amor pela vida, isso sim!
Afinal, aquele cruzamento foi mais que um mero local onde tinha de virar para seguir uma estrada e chegar a um certo destino.
Aquele entroncamento fez-me sempre pensar que não iria parar para tentar, mas, acabei por seguir o impulso do coração e parei mesmo, de tão absolutamente fascinada que me senti. E foi, deveras!, um momento ma-ra-vi-lho-so!
Às vezes na vida há alturas assim. Decerto.
Pois para mim foram precisas quase três décadas, de muita luta, sofrimento, dor, remorso, medos, solidão e extrema ansiedade para me sentir finalmente viva, finalmente com força e determinação para TENTAR os meus sonhos... fez-me sentir um pouco mais de tudo, um pouco mais, e, no fim de contas, MULHER.
Agora acordei. Os receios não se dissiparam por completo. Mas deste momento em diante sei que me sinto completa e plena, muito mais segura, para tentar, de uma vez por todas, ser feliz. O que me espera? Não sei. Mas sei o que espero da vida. E espero ser muito feliz. Pois, desta vez, (além de tentar não fugir - coisa complicada!), vou lutar DE FACTO por isso!.
Uma grande beijoka,
Iva*
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