Iva's place

Aqui, fala-se de amor...esse sentimento louco que mexe cá dentro e nos faz vibrar de emoção.

Seja curto ou duradouro, dele todos queremos um pouco ou não pule cá dentro o coração!

Bem-vindos!

Iva*

quarta-feira, 2 de junho de 2010

A Paixão das Almas - um livro diferente


"Traço os meus contornos numa fotografia. Desde o topo da cabeça, caracóis loiros caem em cascata e espalham-se com as pontas em franja. Os membros irradiam do meu corpo. As pontas dos dedos da minha mão direita tocam o horizonte. A minha mão esquerda agarra ar puro. Sigo pela periferia onde os contornos se formam, da cabeça para os pés, de um lado para o outro.

O meu corpo não é aquele em que nasci. Em todos os momentos em que respirou, cada célula percorreu todas as fases do ciclo: crescimento, reparação, desintegração. Mas eu ainda permaneço.

Nada de mim me pertence, apenas a memória.
(...)
Seguro na fotografia com uma força tal e durante tanto tempo, que cada espaço vazio em mim é preenchido por uma dor total."
Pp. 11-12

""A voz dele vem até mim, murmurando o meu nome, num suspiro, Razi. Eu sei: é a imaginação, a recordação. A minha cabeça sobre o seu peito, o ruído do sangue e do ar e das palavras, conversas do coração onde os corações se juntam.

Com a forma da minha mão direita, desenho os contornos do vapor.- Quão complexa era a mistura de sensação e substância que me compunha. Segui os contornos uma e duas vezes, terminando junto à curva do meu rosto. Onde está ele em mim?

Os meus lábios seguem o mapa da sua pele. Fina como o desejo, a minha carne recorda o território; desfiladeiros e montes, picos e vales, nenhuma parte dele ignorada ou deixada por explorar. O alívio dele em simultâneo com o meu, cedendo onde queria, mantendo-se firme onde não podia, a resistência sob a superfície, o sangue como magma, a respiração em chamas. Quais as latitudes invisíveis que me ligam a ele, que alinham as nossas essências, que entretecem os nossos ritmos primevos, celestiais. Abro a minha boca para pronunciar o seu nome, Andrew, e o mapa enrola-se sobre si próprio. Ele está aqui, onde sempre esteve." p. 374

Em "A Paixão das Almas" por Ronlyn Domingue, Editora Difel

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