Iva's place

Aqui, fala-se de amor...esse sentimento louco que mexe cá dentro e nos faz vibrar de emoção.

Seja curto ou duradouro, dele todos queremos um pouco ou não pule cá dentro o coração!

Bem-vindos!

Iva*

terça-feira, 11 de novembro de 2008

A Torre mais Alta


Sozinha no meio da multidão hoje a Iva escreve-te, a ti, à Torre mais alta, solitária, fria e vazia, ouvindo isto:




Hoje vi-te. Frente a frente, várias vezes. Sim, no local de trabalho.

Não posso fazer-me hipócrita e dizer que não sabia de antemão. Soube-o tal como soube de todas as outras vezes que não te era indiferente como querias fazer crer. Soube-o da exactíssima forma que soube de todas as outras vezes que te iria encontrar sem ninguém me dizer... ADIVINHEI.


Hoje sabia que ia ser um face a face. Ou antes, um costas a face já que eu estava novamente de costas. It doesn't matter anymore, you know?


The first time I saw you I wished it wasn't the last. Tjhis last time I saw you I wished it was only that time only, without previous stories, without hurt and pain. Without my love, so much in vain...!


Depois, lá em cima, espreitaste para ver quem mais estava. Senti o teu olhar de surpresa pousar no meu. Um olhar morto, surpreso, tímido, um olhar na merda de alguém vazio que há muito tempo se perdeu e que eu simplesmente não consegui salvar.


Uma alta torre, azul escura - cinzenta, vaiz, fria, vaga, vã...!

É triste nada sentir depois de dois anos e meio de história em comum, quase três.

É triste não sentir sequer a ausência de sentir alguma coisa.

É triste não te sentir vivo.

É triste sentir-me morto.

É triste não sentir coisa alguma.

Mas foi assim!


Depois de tudo isto tenho a dizer-te, agora, passados quase 80 dias DF.

Sabes, "meu amor", há pessoas verdadeiramente inesquecíveis e coisas verdadeiramente imperdoáveis. Eu sempre achei que tu serias sempre o topo da lista. Da primeira lista. Infelizmente revelaste ser o topo do fundo do poço da segunda lista.


Sei que uma parte de mim te perdoa. Talvez a parte mais importante - a da alma.

O coração? Lamento, esse não perdoa quem o matou vezes sem fim. Esse não lamenta teres partido. Esse não te deseja mais e, todavia, uma parte dele amar-te-á para o resto da vida. No entanto, essa parte foi tão apertada que gangrenou e caiu. Ainda assim, será essa parte, uma parte do meu coração que te irá amar para sempre mas tu... perdeste-te dentro de ti porque és um autêntico labirinto e hoje quando eu, qual Mário de Sá-carneiro, te sinto, é com saudades de ti.


Morreste.

A minha alma já te perdoou. É grandiosa.

O meu coração não tem motivos para te perdoar.

Desculpa.


Não te desejo mal.

Desejo apenas nunca mais.

Nunca mais ter de ver-te.

Nunca mais lembrar-me de ti.

Nunca mais te sentir.

Nunca mais.

Desejo eu.


As palavras que ainda mantenho guardadas no meu telemóvel ainda doem.

Ardem, cortam, furam, esburacam, queimam como álcool em chaga queimada.

Pensei que contigo seria tudo, fizeste-me sentir pior que nada!


Lamento.

A IVA (Ilusão de Valor (por ti) Acrescentado) lamenta.

E depois a Iva deixa de ser Iva e não lamenta nada.

Não se pode lamentar a inexistência do nada.

O nada... simplesmente não existe.


Foi a última vez que te chamei "meu amor", com o carinho de uma mãe que lamenta o filho perdido que não quis ser ajudado.


Acredita! Ou não! Estás no teu direito, mas isto nunca o saberás e estas palavras nunca chegarão a ti.

Não interessa, anyway!

São minhas. São desabafos, são loucuras.

Loucuras que começaram num momento, há quase três anos atrás...


«O dia era de Inverno e o lusco-fusco aproximava-se.

A multidão multifacetada reunira-se para mais uma reunião. Todos falavam animadamente excepto duas estranhas, sem fato, sem ornamentos, sem máscaras senão a que esconde o medo e a dor. O acidente era recente e tinha sido o primeiro dia sem medicamentos para a Iva. Para a S. a quase emocionante descoberta de um novo trabalho. Subitamente calaram-se todos. O silêncio pesava. Uns passos apressados romperam o silêncio da noite que entretanto se instalara. A maçaneta da porta girou. Silêncio. Ele entrou. Homem aparentemente seguro de si. Mais de metro e oitenta seguramente. Os olhos castanhos profundos davam-lhe um ar de je-ne-sais-quoi. A tez morena dava-lhe uma sedutora aparência arabesca. "Boa noite", disse com voz segura e seca. Ninguém respondeu e todos observavam expectantes. Sentou-se. "Eu sou o... e vou ser o vosso...". Ela piscou e desviou o olhar trocado por segundos com aquele homem deconhecido. Ficaram frente a frente e aquele olhar seguro intimidava-a. Ou, daí, talvez fossem as dores por não tomar a medicação há mais de 12 horas (decidira finalmente contrariar os médicos e viver!!!). Baixou o olhar de novo, ele pareceu crescer ainda mais em segurança. Intimidava-a e tinha-o percebido à segunda troca de olhares. "Um homem destes seguro de si tem a mulher e os filhos à espera em casa. Que sortuda a esposa!" - pensou ela. Ainda bem que ninguém ouvia pensamentos. Seria algo difícil de explicar e o impacto da primeira impressão, a causada pela pessoa que mais marcaria a sua vida (não interessa se de forma positiva ou negativa, marcas são marcas... e marcas poderão sempre ser vistas como cicatrizes ou tatuagens de guerra...)... Bem, digamos que essa primeira impressão, ele nunca dela tomaria conhecimento."


Agora, cerca de três anos depois, ela jazia sentada ao computador. Há quase 80 dias que se encontrava sóbria. Largara a droga que era viver um amor que a punha doente e que a adormecera durante quase três anos. Largara a droga e hoje... Hoje que se cruzara com ele e sentira o nada que existia dentro do seu coração... Hoje que tivera coragem para ler as mensagens onde ele alegava ser ela a mulher da vida dele, adorá-la e falar até em casamento e filhos... Hoje a alma doeu-lhe. Ele vira-a o tempo todo e nunca se dera ao trabalho de a olhar. Olhar de alma para alma.


E, agora, meu amigo, o fim está próximo (como diria Frank Sinatra). As coisas foram feitas à tua maneira!


Ela desejou-lhe um último adeus e enterrou-o bem fundo na sua alma.

Apesar de tudo, e mesmo que o seu coração nunca conseguisse perdoar nesta vida terrestre o que a sua alma imortal já perdoara, não lhe desejava mal. Desejava-o apenas afastado dela. E isso é tudo.


Adeus, Filipe!

8 comentários:

Anónimo disse...

Eis uma despedida que já fazia falta há muito tempo... Sim, eu tenho andado por aqui... ;)

Iva disse...

Quem é vivo, sempre aparece, mesmo que seja personagem de ficção ;)

Anónimo disse...

Da ficção só pedi o nome emprestado... O resto é bem real, e atento aos teus estados de espirito... Mas sim, vou voltar a ser mais interventivo... ;)

Iva disse...

Fico à espera!

P.S. isto não são exactamente os meus estados de espírito, são apenas momentos que passam por mim e que não devem permanecer!

Anónimo disse...

Mas olha que este foi um bom momento... Um bom passo em frente.

Iva disse...

A ver, vamos!!! Agora é tentar mover em frente... só não será muito fácil se alguém, decidido como a bandeira no mastro em dias de grandes ventanias, resolver não deixar a coisa barata...!

Anónimo disse...

Pois. Mas aí vai ter de entrar a tua determinação e força. Eu já percebi que as tens, mas tambem percebo que o que sentimos turva-nos o discernimento e a objectividade, numa espécie de moinho interno que desfaz tudo menos o amor e a necessidade de o manter. Mas é aí que olhamos para cima, e pensamos em altos berros "Eu é que sou importante"... Tu estás nesse caminho. Alías, estamos.

Iva disse...

Aí já cheguei. Cheguei aí no dia em que "alguém" disse que afinal se tinha enganado. Isto depois de eu ter escolhido ficar ao seu lado, mesmo magoada, por o querer ajudar.

O seu, a seu dono. Eu não mereço mágoa e tristeza, de certeza!!!

Já ele...não faço ideia. É bem possível.

Eu só precisava que me libertassem com aquela espécie de vacina que só uma pessoa muito cruel, com palavras piores ainda, me poderia ter dado. Isso... Bem, isso doeu, mas foi exactamente o que tive. Merecido? Não me parece, mas... aconteceu! E agora é passado. Ponto final!