A cada dia que passa, sinto-me mais próxima de mim, mais serena, mais em paz, ainda que o mundo à minha volta se agite constantemente em turbilhões incessantes de dor, mágoa e raiva. Parecem simplesmente só me tocar por fora, enquanto o interior fica cada vez mais fortalecido, mais confiante, mais...o EU que eu julgava ter perdido e finalmente encontrei.
Andei, de facto, muitos anos perdida, mas finalmente consegui reencontrar-me. A pessoa que hoje sou, não precisa de ninguém para se afirmar.
O Gravatinha voltou a lembrar-se que existo e, dois anos depois de tão mal me ter tratado, usando inclusive caminhos obscuros, lembrou-se que existo, chegando a convidar para lanchar e uma conversa pois "gostaria muito de o fazer". A minha reacção? Bem, se fosse possível explicar por palavras o que é não sentir coisa nenhuma, nem raiva, nem nada... seria assim que eu o iria explicar, mais ainda perante a inércia de ver algo que eu julgava ter desaparecido do mapa da minha vida voltar a insurgir-se perante mim, lá tão de baixo que até mete pena a quem não tenha sido tão maltratado pelo próprio.
Lamento nem sentir pena. Aliás, não lamento nada. Nunca fiz nada que contrariasse a pessoa que sou e aquilo em que acredito. Não creio, igualmente, que alguém mereça ser menosprezado por revelar o que sente, por, a cada momento, fazer sentir especiais as pessoas que ama, ainda que estejam apenas de passagem na sua vida, sejam essas família, amores, amigos... Isso não é nem nunca poderá ser motivo de vergonha.
Nem sempre me orgulhei das decisões que tomei e das coisas que não disse. Arrependi.me muitas vezes não do que não fiz, mas do que não disse. Agora sinto e digo. Pelo menos tento. Sei que sou muitas vezes mal interpretada, sei que muitas vezes dizer a alguém "gosto de ti" ou "adoro-te" pode ser confundido com amor carnal, mas para mim nem sempre é assim. Um "adoro-te" pode ser meramente entre amigos, sendo muito especial e igualmente importante como um "amo-te" entre apaixonados, talvez mais ainda que este.
Nunca disse a ninguém "adoro-te" em vão. Disse-o poucas vezes e em relação ao "amo-te" acho que até sei contar as vezes que disse. Quanto ao Gravatinha, sei que o que disse não foi sentido pela forma como fui manipulada. Mas não quero ser vítima. Quanto ao Lacoste, lamento o que não disse. Aí é que nunca teria sido em vão. Mas o tempo passa e somos livres de fazer as nossas escolhas e, ainda que manipulados, as escolhas são nossas e pesam por isso. Para sempre. Para todos. Os que se cruzaram connosco, os que se cruzam, os que partem e os que desejaríamos que ficassem, ainda que perdure, o tempo suficiente em que para nós dure uma eternidade, a eterna frase "Lembra-te de mim!".
Amar é uma força que impele o universo, o expande, o converge, o modifica, o estagna um momento, todos os momentos que desejemos transformar numa eternidade. Para sempre. Nunca deverá ser motivo de medo. Ou vergonha.
»True Love Never Dies«
Lissie - Everywhere I Go...
Iva*
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